A história de Corinto, em seus primórdios, é mais ou menos a mesma de toda a mesopotâmia formada pelos rios São Francisco, Paraopeba e Guaicuí (rio das Velhas), limitada ao sul por uma linha imaginária que margeia a Zona Metalúrgica, ligando estes dois últimos cursos d’água, formando um paralelogramo alongado, não muito perfeito.
Até o início do século XVIII, essa região era tida, tranquilamente, como pertencente à Bahia, mesmo porque não havia sido criada a Capitania de Minas, e os governadores da Capitania do Rio de Janeiro, que compreendia também as terras de São Paulo, nem sequer atentavam para esses territórios, uma vez que tinham as vistas voltadas para o litoral.
Corinto, que durante muito tempo se chamou “Paragem do Curralinho” e depois simplesmente “Curralinho” surgira como outras localidades que tinha o rio São Francisco como principal meta a ser alcançada para o transporte de gado vindo da Bahia rumo às minas. As terras de cultura, as terras ricas, o massapé de outras regiões, eram destinadas à agricultura. Assim, a região de Curralinho, pela escassez de matas e a presença de excelente pastagem, extensos varjões, topografia e localização, tornara-se o lugar preferido dos tropeiros, em suas idas e vindas, para o descanso. Pouco a pouco os pecuaristas eram atraídos para os campos e cerrados, veredas e chapadões, pela ausência de doenças parasitárias e transmissíveis no gado.
A grande largueza evitava a promiscuidade entre os animais. As vaquejadas se tornavam mais fáceis e a existência frequente de barreiros diminuía a despesa com sal, que vinha de longa distância. Esse produto, usado em quantidades mínimas, servia apenas para manter o gado junto as currais, ao lado ou próximo dos quais surgiam as povoações.
Como as paradas dos tropeiros eram constantes, logo se instalaram no pequeno arraial comerciantes, criadores de gado, garimpeiros, atraindo, desta forma, toda sorte de gente e inúmeros mascates.
Antes, porém, a região era habitada pelos índios Coroados, parentes dos Jês ou Tapuias. Às margens do São Francisco, até o município de Três Marias, eram habitadas pelos Cariris, que haviam fugido de Pernambuco, após a derrota dos holandeses, dos quais eram aliados.
No início do século XVII, antes das descobertas das minas, começaram a chegar os baianos e paulistas com sua pecuária e agricultura de subsistência. Em 1650, já se tem notícia da Fazenda da Garça ou Sítio da Garça. Um de seus proprietários, João Tavares da Rocha, falecido em 1722, deixou 900 reses conforme testamento encontrado no Cartório do 1º Ofício de Sabará. Presume-se que o seu rebanho tenha se iniciado muito antes. A fazenda, situada a poucos quilômetros da sede de Corinto, foi o estabelecimento mais antigo da região, competindo em idade somente com os da Barra do Guaicuí e Matias Cardoso (Morrinhos).
Após o Campo da Garça, o estabelecimento mais antigo da mesopotâmia foi a Fazenda Jacobina, fundada e explorada pelo coronel Martinho Afonso de Melo, secretário de Manoel Nunes Viana.
Por volta de 1705, houve uma Sesmaria onde se instalou um engenho de açúcar, o primeiro em Minas Gerais, segundo o historiador Diogo de Vasconcelos em sua História Antiga das Minas Gerais.
Outra fazenda que foi a maior sesmaria da região foi a do Logradouro ou Morro da Garça, que compreendia terras do municípios de Corinto e de Morro da Garça. Como não foram encontrados os documentos originais, ignora-se o nome do primitivo dono, bem como a data de sua doação. Os proprietários mais antigos de que se tem notícia foram João Antônio Ribeiro, em 1794, e Paulino Pereira da Silva, em 1826, que deixou uma enorme descendência em Corinto: as famílias Paiva, Souza, Damasceno, Boaventura e Pereira da Silva.
Outras fazendas antigas da região são: Fazenda do Contria, Fazenda do Saco e Espírito Santo, Fazenda do Buriti, Fazenda do Bicudo, Fazenda do Pilar, Fazenda do Carmo ou Bom Jardim, Fazenda Tanque e Lagoa e Fazenda dos Gerais.
No princípio do setecentos foi construída a Capela de Nossa Senhora da Piedade do Pilar por frades carmelitas. A presença desses religiosos é marcada pela existência ainda hoje de topônimos como “Passagem dos Frades”, no rio Bicudo e “Capão dos Frades”, nos gerais.
O Campo da Garça já era conhecido antes da descoberta e do desenvolvimento das minas. Eram por onde passavam os boiadeiros com suas manadas, vindo dos currais da Bahia ou vice-versa.
Outra opção dos vaqueiros era a Barra do Guaicuí. O Campo da Garça oferecia três portos no Rio das Velhas: próximo da Barra do Jabuticaba (Porto da Manga), junto à Barra do Garça e ao lado da foz do rio Bicudo onde, posteriormente, foi instalado um Posto Fiscal pelo Conde Assumar e houve uma balsa.
O Curralinho usado pelos tropeiros estava situado junto da estrada que vinha do Porto da Manga e passava na periferia da atual Vila São João, bairro de Corinto, junto ao lugar onde posteriormente foi construído o matadouro municipal, e seguia o trajeto da rua Pedro Dumont.
Nessas imediações estabeleceram-se os primeiros e poucos moradores juntos aos pequenos cursos d’água existentes: córregos do Curralinho (de fora), Capão da Cinza e o da Pindaíba.
Com o correr do tempo, formou-se um pequeno arraial onde as tropas arranchavam, para o descanso e para negociar com a população da zona rural adjacente. O lugar foi tornando-se um pequeno empório comercial, naturalmente, reunindo um boticário, ferrador de animais, comerciantes, botequins etc. Os terços, rezados em domicílio, passaram a constituírem-se em festas, a partir de 1883, quando erigiram um Cruzeiro que existe até hoje, no cruzamento da rua Pedro Dumont com o lugar por onde passava a linha férrea do ramal de Diamantina. Periodicamente, vinha o padre do Morro da Garça celebrar missas, quando havia grande número de batizados, casamentos e confissões. Esses eventos atraiam vendedores de comestíveis, bebidas e bugigangas dos arraiais próximos e da zona rural vizinha. O primeiro religioso a habitar a região foi frei Amaro do Santo Deus, que era também criador de gado.
No século XX, com o advento das estradas de ferro rasgando os sertões, os trilhos da Central do Brasil rasgaram as terras do Curralinho e o barulho e a fumaça do trem trouxera para seus habitantes uma nova perspectiva de progresso. Curralinho tornara-se um ponto estratégico, entroncamento de diversos ramais ligando o norte ao sul do país. Inclusive na década de 60, quando Brasília tornara-se uma realidade, dizia-se que “todos os caminhos conduzem a Corinto”, devido a sua localização como Centro Geográfico de Minas Gerais.
O povoado de Curralinho fazia parte do território do Distrito do Pilar, município de Curvelo, criado pela Lei Estadual nº. 02, de 14 de setembro de 1891. Mas esse distrito só foi instalado em 1908, porém não no Pilar, mas no povoado de Curralinho, que, após a chegada da ferrovia, tinha atingido grande desenvolvimento. A vila de Curralinho passara a chamar-se Corinto, nome este sugerido pelo tipógrafo e jornalista Antônio Marta Pertence, vindo do Rio de Janeiro e que ali se instalara, numa pretensa alusão à cidade do mesmo nome, na distante Grécia, com o apoio de toda a comunidade, em 1923, ano em que foi criado o município, no dia 7 de setembro.
A instalação do Município deu-se com grande pompa, no dia 20 de julho de 1924, data em que se comemora o aniversário da cidade e realiza-se a festa do Corintiano Ausente.
Fonte: https://aldaalvesbarbosa.com/2014/06/09/corinto-historia/
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